• ISSN (On-line) 2965-1980

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Genital (Female)

TUMOR BORDERLINE SEROSO MICROPAPILAR DE OVÁRIO

Aley Talans 1, Laíza Alcure Dias Scussulin 2, LEILA PEREIRA TENORIO 3, Rafaelle Machado de Vargas 4

Abstract

Apresentamos um caso de tumor borderline seroso de ovário e seus aspectos na tomografia computadorizada (TC) e na ressonância magnética (RM). Os tumores borderline são neoplasias ovarianas incomuns, que acometem pacientes jovens e têm baixo potencial de malignidade. Na tomografia ou ressonância as projeções papilares são encontradas em 67% dos tumores borderline e representam um importante achado para se pensa este diagnóstico. Calcificações peritoneais esparsas podem ser sinais de disseminação

Dados do caso

Feminino 47 anos

Palavras chaves

Ovário, Neoplasias Ovarianas, Carcinoma Epitelial do Ovário

Histórico Clínico

Mulher de 47 anos, assintomática, que realizou ultrassonografia transvaginal de rotina e identificou lesão anexial bilateral. Nega dor ou alteração menstrual. Antecedente de duas cesáreas.

Achados Radiológicos

Na ressonância identificam-se lesões sólidas, de origem ovariana, exofíticas, apresentando projeções papilares centrais (figuras 1 e 2) e envolvendo ambos os ovários, mais evidente à esquerda (figuras 3 e 4). Apresentam alto sinal em T2, áreas de restrição à difusão e realce progressivo pelo meio de contraste. Na tomografia identificamos múltiplos focos de calcificações periféricas nas lesões sólidas ovarianas, bem como esparsos na cavidade peritoneal (figura 5).

Discussão

Uma massa anexial incidental é achado frequente em exames de rotina e a maioria das lesões encontradas é benigna, sendo uma porcentagem pequena os tumores malignos identificados [1]. Os tumores borderline são responsáveis por 5% a 20% dos tumores epiteliais malignos do ovário, apresentam baixo potencial maligno e aparentemente originam-se dos ductos mullerianos. Quando comparados com os carcinomas francamente invasores, os tumores borderline apresentam um comportamento menos agressivo, são diagnosticados em estádios mais precoces e acometem mulheres mais jovens [2]. No exame histopatológico, os tumores borderline serosos são tumores císticos uniloculares ou multiloculares, com ou sem proliferação epitelial na superfície externa do tumor. Cerca de um terço deles são bilaterais [3]. O tumor borderline micropapilar pode representar uma transição entre o tumor seroso borderline comum e um carcinoma seroso invasivo de baixo grau e mais pesquisas são definitivamente necessárias para confirmar ou refutar essa hipótese [4]. Este subtipo representa cerca de 10 a 15% de todos os tumores serosos borderlines, porém apresenta comportamento clínico mais agressivo que estes, incluindo implantes peritoneais e incidência aumentada de recorrência, o que lhe confere pior prognóstico do que o tumor borderline típico [5]. Na RM as massas ovarianas têm margens irregulares ou lobuladas, com padrão interno de projeções papilares, e crescimento exofítico aos ovários, que normalmente podem ser identificados com aparência normal, contendo múltiplos folículos claramente discriminados [6]. A intensidade do sinal do conteúdo desses tumores é variável, mas geralmente é baixo a intermediário nas sequências ponderadas em T1, e alto em imagens ponderadas em T2, com realce progressivo pelo meio de contraste. Na TC, as calcificações psamomatosas difusas são sugestivas de implantes peritoneais e pode haver ascite associada [7]. Ocasionalmente, eles são associados a disseminação peritoneal. O objetivo do tratamento desses tumores em mulheres jovens é a remoção cirúrgica completa do tumor (ooforectomia). Caso não exista desejo reprodutivo, o tratamento ideal é histerectomia abdominal total, salpingo-ooforectomia bilateral e omentectomia [8].

Lista de Diferenciais

  • Neoplasia metastática secundária no ovário
  • Neoplasia primária ovariana epitelial mucinosa

Diagnóstico

  • Tumor borderline seroso micropapilar de ovário

Aprendizado

Os tumores serosos borderline micropapilares de ovário são tumores do subtipo epitelial que apresentam baixo potencial de malignidade. Os aspectos de imagem mais importantes são lesões que englobam os ovários, com alto sinal no T2 e sinal intermediário no T1, com projeções papilares no seu interior, em grande parte dos casos bilaterais. No caso de disseminação peritoneal, é possível identificar calcificações psamomatosas dispersas no peritônio, além de ascite.

Referências

  • 1- Stany MP, Maxwell GL, Rose GS. Clinical Decision Making Using Ovarian Cancer Risk Assessment. AJR 2010; 194:337–342.
  • 2- Derchain SFM, Torres JCC, Teixeira LC, et al. Relação entre tumores ovarianos epiteliais borderline e francamente invasores: epidemiologia, histologia e prognóstico. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., 1999; 21(5): 273-277.
  • 3- Hauptmann S, Friedrich K, Redline R, et al. Ovarian borderline tumors in the 2014 WHO classification: evolving concepts and diagnostic criteria. Virchows Arch 2017; 470:125–142.
  • 4- Silverberg SG, Bell DA, Kurman RJ, et al. Borderline ovarian tumors: key points and workshop summary. Hum Pathol, 2004; 35(8):910–917.
  • 5- Nakai G, Yamada T, Yamamoto K, et al. MRI appearance of ovarian serous borderline tumors of the micropapillary type compared to that of typical ovarian serous borderline tumors: radiologic-pathologic correlation. J Ovarian Res 2018; 11: 7.
  • 6- Kim SH, Yang DM, Kim SH. Borderline Serous Surface Papillary Tumor of the Ovary: MRI Characteristics. AJR 2005; 184:1898.
  • 7- Jeon YY, Outwater EK, Kang HK. Imaging Evaluation of Ovarian Masses. RadioGraphics 2000; 20:1445–1470.
  • 8- Souza NM, O’Neill R, McIndoe GA, et al. Borderline Tumors of the Ovary: CT and MRI Features and Tumor Markers in Differentiation from Stage I Disease. AJR 2005; 184: 999–1003.

Imagens

Ressonância no plano sagital T2 demonstrando lesão com alto sinal e áreas centrais de baixo sinal (seta) que representam as projeções papilares.

Ressonância no plano axial T2 identificando a lesão na região anexial esquerda, com destaque para a projeção papilar no seu interior (seta).

Imagem de ressonância no plano coronal T2 demonstrando a lesão com alto sinal englobando o ovário esquerdo (seta).

Ressonância no plano sagital T2 demonstrando a lesão com alto sinal (seta)

Tomografia sem contraste no plano axial, mostrando lesões anexiais com calcificações (seta).

Vídeos

Article receive on Tuesday, May 12, 2020

Artigo aprovado em Thursday, July 9, 2020

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