DANILO DE OLIVEIRA SANTANA RAMOS 1, JÚLIA TUPINAMBÁ DEL REY CRUSOÉ 2
Resumo
Paciente do sexo feminino, 52 anos, assintomática, com diagnóstico de "Arco aórtico à direita com subclávia esquerda aberrante associada a divertículo de Kommerell", identificado de forma incidental.Dados do caso
Feminino 52 anos
Palavras chaves
Aorta Torácica, Tórax, Anormalidades Congênitas
Histórico Clínico
Paciente do sexo feminino, 52 anos, assintomática, em exame periódico. Negava dor torácica, dispneia, disfagia ou perda de peso. O exame físico não apresentava alterações de nota. Realizou radiografia do tórax, na qual foi identificada opacidade retrotraqueal com compressão extrínseca e deslocamento anterior da traqueia, na incidência em perfil. Optado então pela realização de tomografia computadorizada do tórax com contraste para melhor avaliação mediastinal, afim de analisar possíveis diagnósticos diferenciais para os achados na radiografia, dentre eles, formações expansivas e anomalias vasculares. Na tomografia computadorizada do tórax com contraste foi identificado arco aórtico à direita, com presença de subclávia esquerda aberrante com trajeto retroesofágico, cuja origem apresentava morfologia diverticular (divertículo de Kommerell).
Achados Radiológicos
A radiografia do tórax, na incidência em PA, demonstra arco aórtico a direita (FIGURA 1). Na incidência em perfil, observa-se opacidade retrotraqueal com compressão extrínseca e deslocamento anterior da traqueia (FIGURA 2). A tomografia computadorizada do tórax com contraste demonstra “Arco aórtico à direita”, com presença de artéria subclávia esquerda aberrante com trajeto retroesofágico, cuja origem apresenta morfologia bulbosa, configurando divertículo de Kommerell, determinando o deslocamento anterior e compressão extrínseca da traqueia e do esôfago (FIGURAS 3 e 4).
Discussão
O arco aórtico à direita representa uma anomalia congênita rara (com incidência de 0,05% a 0,10% [1], e pode estar associado a artéria subclávia esquerda aberrante [1, 2]. O divertículo de Kommerell é uma anomalia congênita rara usualmente associada ao arco aórtico à direita, e a artéria subclávia esquerda aberrante, e em geral é diagnosticado de maneira incidental em pacientes assintomáticos. Apesar de essas alterações frequentemente não causarem sintomas, é importante a atenção ao desenvolvimento de compressão das estruturas mediastinais adjacentes (esôfago e traqueia), pois podem ocasionar manifestações clínicas como disfagia, dispneia ou estridor, além de tosse e desconforto torácico, devendo, portanto, de ser consideradas no algoritmo na avaliação de pacientes que apresentem esses sintomas. [3]. Os métodos de imagem não invasivos são utilizados na identificação e no diagnóstico, e na definição anatômica e investigação de possíveis cardiopatias associadas. Dentre esses métodos, destacam-se a radiografia convencional do tórax (em PA e perfil) e o esofagograma baritado (sugerem o diagnóstico), e a TC tórax com contraste e/ou RM do mediastino (confirmam o diagnóstico) [4].
Lista de Diferenciais
Diagnóstico
Aprendizado
O arco aórtico à direita com artéria subclávia esquerda aberrante associada a divertículo de Kommerell é uma anomalia congênita rara. Apesar de usualmente não apresentar sintomas, é importante a atenção ao surgimento de sintomas esofágicos e/ou traqueiais, devendo-se incluir esta entidade na propedêutica clínica-radiológica de pacientes com estas sintomatologias. O papel do radiologista é fundamental na suspeita diagnóstica, interpretação dos achados e indicações dos métodos de imagem.
Referências
Imagens
FIGURA 3. Tomografia computadorizada do tórax com contraste (reformatação coronal com MIP) - Arco aórtico à direita, com origem de morfologia bulbosa da artéria subclávia esquerda (SETA), configurando divertículo de Kommerell.
FIGURA 4. Tomografia computadorizada do tórax com contraste (axial) - Arco aórtico à direita, com origem de aspecto diverticular (divertículo de Kommerell) da artéria subclávia esquerda aberrante (SETA), que apresenta trajeto retroesofágico e determina o deslocamento anterior e compressão extrínseca da traqueia e do esôfago.
FIGURA 1. Radiografia do tórax (incidência PA) - Arco aórtico a direita (SETA).
FIGURA 2. Radiografia do tórax (incidência Perfil) - Opacidade retrotraqueal (SETA) com compressão extrínseca e deslocamento anterior da traqueia.
Vídeos
Artigo recebido em domingo, 3 de maio de 2020
Artigo aprovado em segunda-feira, 22 de junho de 2020