Laio Bastos de Paiva Raspante; Gabriela Seabra Freitas; Wanderval Moreira ;Marcelo Almeida Ribeiro 1
DOI: 10.5935/2965-1980.2022v1n1a12
Resumo
Paciente do sexo feminino, 45 anos, com sintomas gripais, com resultado positivo para COVID-19. Foi submetida a tomografia computadorizada do tórax, devido a queixa de dispneia e mal estar. Apesar de os achados tomográficos evidenciados estarem frequentemente relacionados à pneumonia por COVID-19, neste caso salienta-se a necessidade de critérios bem estabelecidos para a correta recomendação e indicação do estudo tomográfico, notadamente naqueles pacientes pouco sintomáticos.Dados do caso
Feminino 45 anos
Palavras chaves
Tomografia Computadorizada por Raios X, Coronavírus da Síndrome Respiratória do Oriente Médio
Histórico Clínico
Paciente do sexo feminino, 45 anos, refere sintomas gripais iniciados há 6 dias, tendo realizado teste para COVID-19 em laboratório particular no dia 28/03/2020, com resultado positivo. Veio ao serviço de urgência com queixa de dispneia e mal estar. Comorbidades: insônia, fibromialgia e glaucoma. Exame físico: Bom estado geral, eupneica, saturando 97% em ar ambiente, restante do exame físico sem alterações.
Achados Radiológicos
Foram evidenciadas áreas de opacidade tipo vidro fosco e pequenas áreas consolidativas alveolares entremeadas por espessamento de septos inter e intralobulares em regiões subpleurais póstero-basais dos lobos inferiores, com aspecto de pavimentação em mosaico. Notando-se ainda espessamento de paredes brônquicas de permeio às áreas alteradas acima citadas. Documento-se uma pequena área de atenuação em vidro fosco em aspecto mais inferior do segmento ápico-posterior do lobo superior pulmonar esquerdo, havendo pequena área semelhante em subpleural no segmento lateral do lobo médio e no segmento superior do lobo inferior direito. Além de discretas áreas de atenuação em vidro fosco periféricas no segmento lingular inferior. Havia presença de líquido pleural laminar à direita. Não foi identificado pneumotórax ou linfonodomegalia mediastinal, hilar ou axilar.
Discussão
A Tomografia Computadorizada (TC) do tórax tem sido exame muito solicitado nos departamentos de urgência e emergência dentro do contexto da nova pandemia pelo COVID-19. Tem-se discutido sobre suas principais recomendações e indicações diante do contexto de pandemia, visto o alto grau de disseminação do vírus e as repercussões intra-hospitalares da circulação dos pacientes com suspeita ou confirmação laboratorial. Está bem estabelecida a indicação da TC na pesquisa de diagnósticos diferenciais, complicações, pacientes sintomáticos com raio-x do tórax com achados indeterminados e nos quadros suspeitos ou confirmados laboratorialmente muito sintomáticos ou que apresentem critérios de maior gravidade, por exemplo, dispneia, dessaturação, esforço respiratório ou necessidade de cuidados intensivos. Não está indicada como método de rastreio em pacientes assintomáticos, uma vez que muitos dos casos leves são conduzidos em ambiente extra-hospitalar com cuidados de isolamento respiratório, além do fato de que os achados mesmo que ausentes inicialmente, notadamente nos primeiros dias de sintomas, não permitem excluir o diagnóstico de COVID-19. Neste caso salientamos a necessidade de critérios bem estabelecidos para a correta solicitação do estudo tomográfico no contexto de urgência e emergência, uma vez que tratava-se de uma paciente pouco sintomática, sem comorbidades e que não havia sido submetida inicialmente ao exame da radiografia convencional do tórax para pesquisa inicial de possíveis alterações ou complicações. A possibilidade de colocar em risco de contaminação tanto os profissionais de saúde envolvidos no cuidado de outros pacientes do dito grupo de risco (idosos com comorbidades) e por conseguinte os próprios pacientes internados por outras entidades deve ser minimizada.
Lista de Diferenciais
Diagnóstico
Aprendizado
A pandemia pelo novo coronavírus levantou a necessidade de adequação dos diferentes setores da saúde para promover seu adequado manejo e reduzir a disseminação. No que tange o setor de radiologia e diagnóstico por imagem não seria diferente. É um setor que apresenta íntima relação com outros setores do hospital e portanto funciona como potencial disseminador do vírus caso não sejam cumpridas as devidas precauções ou adequadas normativas no que diz respeito as indicações da TC do tórax.
Referências
Imagens
Áreas de opacidade tipo vidro fosco e pequenas áreas consolidativas alveolares entremeadas por espessamento de septos inter e intralobulares em regiões subpleurais póstero-basais dos lobos inferiores, com aspecto de pavimentação em mosaico.
Áreas de opacidade tipo vidro fosco e pequenas áreas consolidativas alveolares entremeadas por espessamento de septos inter e intralobulares em regiões subpleurais póstero-basais dos lobos inferiores, com aspecto de pavimentação em mosaico. Notando-se ainda espessamento de paredes brônquicas de permeio às áreas alteradas citadas.
Pequena área de atenuação em vidro fosco subpleural no segmento lateral do lobo médio e áreas de opacidade tipo vidro fosco e pequenas áreas consolidativas alveolares entremeadas por espessamento de septos inter e intralobulares em regiões subpleurais póstero-basais do lobo inferior à direita, com aspecto de pavimentação em mosaico.
Pequena área de atenuação em vidro fosco em aspecto mais inferior do segmento ápico-posterior do lobo superior pulmonar esquerdo, havendo pequena área semelhante, subpleural, no segmento superior do lobo inferior direito.
Vídeos
Artigo recebido em quinta-feira, 2 de abril de 2020
Artigo aprovado em sexta-feira, 3 de abril de 2020