• ISSN (On-line) 2965-1980

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Mama

RELATO DE CASO: FIBROMATOSE MAMÁRIA EM PACIENTE IDOSA

Beatriz Cristine Santos Pereira 1, Valdir Antonio Garcia Junior 2, Antonio Alexandre de Castro 3, Armando Leão Ferreira Neto 4, Cristina Milene Barbosa 5

Resumo

A fibromatose mamária é uma afecção benigna localmente agressiva, a qual normalmente afetam pacientes com idade média entre 37 e 50 anos. Esses tumores são habitualmente encontrados na parede abdominal e mais raramente na mama, compreendendo apenas cerca de 0,2% de todas as neoplasias da mama. Os autores relatam caso de uma paciente de 78 anos, sexo feminino, apresentando mamografia com categoria 5 ACR BI-RADS, sendo o laudo histopatológico de Fibromatose mamária.

Dados do caso

Feminino, 78 anos.

Palavras chaves

Fibromatose Agressiva, Mama, Neoplasias da Mama.

Histórico Clínico

Paciente de 78 anos, sexo feminino, apresentando queixa de surgimento de lesão nodular palpável em mama esquerda observada no auto-exame de mama, além de retração cutânea. Nega cirurgias mamárias prévias. Vem a instituição para realização de mamografia, que evidenciou nódulo espiculado na união dos quadrantes mediais mama esquerda, associado a retração cutânea adjacente, sendo classificado como Categoria 5 ACR BI-RADS. Prosseguido investigação com core biópsia da mama guiada por ultrassonografia e enviado para histopatologia e imunohistoquímica.

Achados Radiológicos

Mamografia evidenciou nódulo denso, de forma irregular e margem espiculada, localizado na união dos quadrantes mediais mama esquerda, associado a retração cutânea adjacente, medindo cerca de 1,7 cm de diâmetro em correspondência com o nódulo sólido visualizado no exame ultrassonográfico efetuado em outra instituição. Categoria 5 ACR BI-RADS. Ultrassonografia da core biópsia evidenciou nódulo marcadamente hipoecoico, de forma irregular e margem espiculada, com vascularização periférica ao Doppler, medindo 1,6 x 1,2 x 1,4 cm, no quadrante inferior medial/união dos quadrantes mediais da mama esquerda, em correspondência com a mamografia, classificado como categoria 4 BI-RADS. O laudo histopatológico foi de quadro morfológico e imunohistoquímico compatíveis com fibromatose mamária.

Discussão

A fibromatose, também descrita como fibrossarcoma de baixo grau ou tumor desmoide, é uma afecção benigna com proliferação e infiltração de fibroblastos e miofibroblastos, a qual normalmente afetam pacientes com idade média entre 37 e 50 anos, pré-menopausadas. Esses tumores são habitualmente encontrados na parede abdominal e mais raramente na mama, compreendendo apenas cerca de 0,2% de todas as neoplasias da mama, e quando acometem a mama, usualmente possuem localização profunda, atingindo a fáscia do peitoral. A recorrência da doença é comum. A etiologia e a fisiopatologia das lesões na mama deste tipo são desconhecidas pela literatura. Dentre os fatores de risco envolvidos, temos os relacionados à proliferação celular após traumas e cirurgias no local. Há estudos indicando associação positiva com mutação da β-catenina. A presença de receptores hormonais na fibromatose mamária ainda é controversa. Devido à propriedade de invasibilidade local, os achados clínicos, mamográficos e citológicos do tumor desmóide mamário podem simular carcinoma, sendo a imagem mamográfica mais comum de massa espiculada, como nosso caso, podendo aparecer também como uma densidade assimétrica, distorção arquitetural do parênquima ou massa lobulada bem delimitada. Por conta do caráter infiltrativo das lesões, a abordagem é sempre cirúrgica e exige amplas excisões. A recidiva local é comum, variando entre 21% e 27%, de acordo com a literatura, e está relacionada com a excisão incompleta do tumor, ocorrendo geralmente dentro de três anos após a excisão. A importância do caso relatado em questão, além da raridade da doença, se dá pela idade avançada da paciente, o que torna a doença ainda mais incomum.

Lista de Diferenciais

  • Carcinoma ductal invasivo
  • Carcinoma ductal in situ
  • Fibrossarcoma de baixo grau
  • Carcinoma de células fusiformes

Diagnóstico

  • FIBROMATOSE MAMÁRIA

Aprendizado

O maior aprendizado do caso é que nem toda lesão altamente suspeita para neoplasia mamária, com ACR BIRADS 5, como o apresentando pela paciente com nódulo espiculado associado a retração cutânea adjacente, é realmente um tumor maligno. Devendo, portanto, a fibromatose constar como um importante diagnóstico diferencial. O caso abordado além de ser um afecção rara, neste caso, acometeu uma paciente idosa, pós menopausa, fora da faixa etária observada na doença, tornando o caso ainda mais incomum.

Referências

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Y. Rosen, S.C. Papasozomenos, B. Gardner - Fibromatosis of the breast - Cancer, 41, abril 1978
Julia Mario, BA. Shambhavi Venkataraman, MD. Vandana Dialani, MD. Priscilla J. Slanetz, MD, MPH - Benign breast lesions that mimic cancer: Determining radiologic-pathologic concordance - Appl. Radiol. 2015; 44(9):28-32
K.Y.Ha, P. Deleon, R. Hamilton - Breast fibromatosis mimicking breast carcinoma - Proc. (Bayl. Univ. Med. Cent.), Janeiro 2013

Imagens


Mamografia na incidência crânio-caudal de mama esquerda, evidenciando nódulo denso, de forma irregular e margem espiculada na união dos quadrantes mediais.


Mamografia na incidência médio-lateral de mama esquerda, evidenciando nódulo denso, de forma irregular e margem espiculada na união dos quadrantes mediais.


Mamografia com compressão seletiva e magnificação da lesão na mama esquerda, evidenciando nódulo denso, de forma irregular e margem espiculada na união dos quadrantes mediais.


Ultrassonografia mamária evidenciando nódulo marcadamente hipoecoico, de forma irregular , margem espiculada, orientação paralela, com sombra acústica posterior, localizado na união dos quadrantes mediais da mama esquerda. Categoria BI-RADS 4.


Ultrassonografia mamária evidenciando nódulo marcadamente hipoecoico, de forma irregular , margem espiculada, orientação paralela, com sombra acústica posterior, localizado na união dos quadrantes mediais da mama esquerda. Categoria BI-RADS 4.

Artigo recebido em quarta-feira, 9 de junho de 2021

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