• ISSN (On-line) 2965-1980

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COVID-19: RELATO DE CASO COM ACHADOS TOMOGRÁFICOS PULMONARES EVOLUTIVOS

Rodolfo Mendes Queiroz 1, Rodrigo Castro Cervato 2, Bárbara Lapa Rios 3, Michela Gomes Queiroz 4

Abstracto

Descrevemos o caso de uma mulher, 42 anos, previamente hígida, queixando-se de tosse, febre e dispneia há 2 dias. Radiografia do tórax sem alterações detectáveis. Tomografia computadorizada (TC) torácica evidenciou opacidade em “ vidro fosco” com padrões simples e complexos, compatíveis com processo inflamatório/infeccioso de etiologia viral, apresentando piora progressiva e evoluindo para consolidações nas TCs subsequentes. Após outros exames laboratoriais, detectou-se IgG+ para COVID-19.

Dados do caso

Feminino, 42 anos.

Palavras chaves

Síndrome Respiratória Aguda Grave, Infecções por Coronavirus, Tomografia Computadorizada Multidetectores, Pneumonia Viral.

Histórico Clínico

Paciente do gênero feminino, 42 anos, previamente hígida, queixando-se de tosse, febre e dispneia há 2 dias. Ao exame físico, apresentava discreto aumento da frequência respiratória, com temperatura axilar de 38,2 graus Celsius, sem anormalidades na ausculta pulmonar e com saturação de oxigênio de 96%. Hemograma, Urina I, creatinina e glicemia sem alterações. Sorologias para COVID-19 negativas. No decorrer de 5 dias, a paciente apresentou piora clínica e tomográfica progressiva, sendo necessário intubação orotraqueal com ventilação mecânica auxiliar. Após outros exames laboratoriais, detectou-se IgG+ para COVID-19. No décimo primeiro dia de internação (décimo terceiro dia após o início dos sintomas) a paciente apresentou melhora do quadro clínico e respiratório, não sendo necessário mais a referida respiração assistida.

Achados Radiológicos

Tomografia computadorizada (TC) do tórax realizada na admissão da paciente (no segundo dia após o início dos sintomas), sem a administração endovenosa de meio de contraste, mostrando no terço inferior dos pulmões algumas opacidades em "vidro fosco" esparsas, acometendo até 25% dos campos pulmonares (discreta extensão), sendo algumas subpleurais, uma delas margeada por fina consolidação linear configurando o sinal do "halo invertido" (Figura 1). TC torácica realizada no quarto dia de internação (no sexto dia após o início dos sintomas), sem a administração endovenosa de meio de contraste, caracterizando aumento em número e extensão das áreas com atenuação em "vidro fosco", acompanhadas de consolidações com ou sem broncogramas aéreos, ainda predominando nas regiões periféricas e posteriores dos terços inferiores dos pulmões (Figura 2). TC realizada no décimo dia de internação (décimo segundo dia após o início dos sintomas), sem a administração endovenosa de meio de contraste, evidenciando o surgimento de consolidações principalmente nas topografias periféricas e subpleurais dos terços pulmonares inferiores (Figura 3), onde eram identificadas previamente as atenuações em “vidro fosco”.

Discussão

Os achados do COVID-19 quando presentes no exame de TC, embora inespecíficos, podem apresentar padrões diversos dependendo do estágio da doença. Nas fases assintomáticas e oligossintomáticas, muitas vezes não são encontradas anormalidades nesse tipo de estudo. Em até uma semana de sintomas, período no qual é possível obter uma alta sensibilidade na sua detecção na TC, é comum a presença de opacidades pulmonares bilaterais em “vidro fosco”, predominando nas porções periféricas/subpleurais das regiões basais e posteriores, que frequentemente evoluem para consolidações nas mesmas topografias dentro da segunda semana sintomatológica. Durante a progressão das referidas alterações não é raro se identificar padrões complexos com atenuações em “vidro fosco”, tais como a sua associação com espessamento liso dos septos interlobulares, conhecido como “pavimentação em mosaico”; ou focos circundados totalmente ou em sua maior parte por finas opacidades de aspecto consolidativo, configurando o “sinal do halo invertido”. Entretanto, uma parcela expressiva de pacientes portadores de COVID-19 não irão exibir alterações no exame tomográfico do tórax durante todo o curso da doença, além do mais o seu papel em predizer uma evolução desfavorável ainda não foi bem estabelecido devido a muitos casos apresentarem dissociação clinico-radiológica(1-7).

Lista de Diferenciais

  • pneumonia em organização
  • Infecção por H1N1
  • Outras pneumonias virais

Diagnóstico

  • COVID-19

Aprendizado

A TC tem papel de destaque na triagem de casos suspeitos de COVID-19, sendo possível em algumas situações estimar o estágio da doença, contudo a sua utilização para antever condutas e/ou evoluções clínicas ainda não foi bem definida.

Referências

1. Ai T, Yang Z, Hou H, Zhan C, Chen C, Lv W, Tao Q, Sun Z, Xia L. Correlation of Chest CT and RT-PCR Testing in Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) in China: A Report of 1014 Cases. Radiology. 2020 Feb 26:200642. doi: 10.1148/radiol.2020200642.
2. Li Y, Xia L. Coronavirus Disease 2019 (COVID-19): Role of Chest CT in Diagnosis and Management. AJR Am J Roentgenol. 2020 Mar 4:1-7. doi: 10.2214/AJR.20.22954.
3. Farias LPG, Strabelli DG, Sawamura MVY. COVID-19 pneumonia and the reversed halo sign. J Bras Pneumol. 2020;46(2):e20200131
4. Chate RC, Fonseca EKUN, Passos RBD, Teles GBS, Shoji H, Szarf G. Presentation of pulmonary infection on CT in COVID-19: initial experience in Brazil. J Bras Pneumol. 2020;46(2):e20200120
5. Araujo-Filho JAB , Sawamura MVY , Costa AN, Cerri GG, Nomura CH. COVID-19 pneumonia: what is the role of imaging in diagnosis?. J Bras Pneumol. 2020;46(2):e20200114
6. Lima CMAO. Information about the new coronavirus disease (COVID-19). Radiol Bras. 2020;53(2):V–VI
7. Barbosa PNVP, Bitencourt AGV, Miranda GD, Almeida MFA, Chojniak R. Chest CT accuracy in the diagnosis of SARS-CoV-2 infection: initial experience in a cancer center. Radiol Bras. 2020.

Imagens


Figura 1. TC do tórax realizada na admissão da paciente (no segundo dia após o início dos sintomas), mostrando no terço inferior dos pulmões algumas opacidades em "vidro fosco" esparsas, sendo algumas subpleurais, uma delas margeada por fina consolidação linear configurando o sinal do "halo invertido".


Figura 2. TC torácica realizada no quarto dia de internação (no sexto dia após o início dos sintomas), caracterizando aumento em número e extensão das áreas com atenuação em "vidro fosco", acompanhadas de consolidações com ou sem broncogramas aéreos, ainda predominando nas regiões periféricas e posteriores dos terços inferiores dos pulmões.


Figura 3. TC realizada no décimo dia de internação (décimo segundo dia após o início dos sintomas), evidenciando o surgimento de consolidações principalmente nas topografias periféricas e subpleurais dos terços pulmonares inferiores, onde eram identificadas previamente as atenuações em “vidro fosco”.

Artículo recibido en lunes, 20 de abril de 2020

Artículo aceptado el martes, 26 de mayo de 2020

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