• ISSN (On-line) 2965-1980

Artigo

Acesso livre Revisado por pares

0

Visualizações

Radiologia Pediátrica

ACHADOS DE IMAGEM TÍPICOS DA VÁLVULA DE URETRA POSTERIOR

Raquel Nascimento Lopes 1, Marina Cristina Akuri 2, Rodrigo Regacini 3

Resumo

Criança do sexo masculino, 4 meses de vida, apresentando infecções urinárias de repetição e jato urinário fraco desde o nascimento. Em investigação diagnóstica pós-natal, apresentava ultrassonografia com aumento das dimensões do rim direito, sinais de hidronefrose e bexiga de esforço. Uretrocistografia Miccional demonstra falha de enchimento com dilatação à montante do segmento uretral posterior, compatível com membrana, além de dolicomegaureter à direita.

Dados do caso

Masculino, 0 anos.

Palavras chaves

Anormalidades Congênitas, Uretra.

Histórico Clínico

Paciente masculino, 4 meses de vida, apresentando infecções urinárias de repetição e jato urinário fraco desde o nascimento, sem febre ou hematúria. Diagnóstico intraútero de hidronefrose à direita. Sem demais comorbidades.

Achados Radiológicos

Ultrassonografia dos rins e vias urinárias demonstra rim esquerdo de características normais. Rim direito de contornos lobulados e dimensões aumentadas, com parênquima afilado à custa de dilatação dos cálices menores, maiores e da pelve renal (figuras 1 e 2). Nota-se ainda dilatação e tortuosidade do ureter em toda sua extensão (figura 3). Bexiga com capacidade reduzida, com espessamento e irregularidade difusa das suas paredes (figura 3). Uretrocistografia Miccional apresenta falha de enchimento no segmento uretral posterior associada à dilatação à montante e transição abrupta de calibre entre a uretra posterior e o segmento anterior, compatível com membrana (figura 4). Dolicomegaureter à direita (refluxo vesicoureteral acentuado) - figuras 3 e 4. Ausência de refluxo vesicoureteral à esquerda.

Discussão

A válvula de uretra posterior é uma condição congênita, exclusiva do sexo masculino, ocasionada pela formação de uma membrana uretral com mecanismo de válvula, remanescente dos ductos de Wolff - falha de regressão dos ductos mesonéfricos. É a causa mais comum de obstrução do trato urinário baixo em fetos (1). O diagnóstico pode ser realizado no período antenatal, através de achados ultrassonográficos como oligoâmnio, distensão vesical do feto e hidronefrose, ou ainda após o nascimento pela clínica de infecções do trato urinário de repetição e esforço miccional com características de imagem compatíveis como as supracitadas. Refluxo vesicoureteral uni ou bilateral está frequentemente associado. Esta condição pode estar associada a outras malformações (cardíaca, VACTERL) e o grau de acometimento renal associado à patologia é variável (2). O método diagnóstico pós-natal de escolha é a uretrocistografia miccional, cujos achados podem ser de alongamento e dilatação da uretra posterior e ocasionalmente pode ser visualizada a membrana ao método. Alterações vesicais são frequentemente associadas, como por exemplo capacidade reduzida, espessamento parietal, trabeculações e por vezes divertículos vesicais, achados relacionados a bexiga de esforço pela obstrução da uretra posterior (3, 4). A ultrassonografia pós-natal é capaz de detectar os sinais de bexiga de esforço supracitados, hidronefrose uni ou bilateral, bem como a dilatação da uretra posterior que pode ser também visualizada através da avaliação perineal (2, 5). Como diagnósticos diferenciais, podem ser citados malformação cloacal, válvula de uretra anterior - condição rara, de explicação embriologia incerta, dentre outros (1).

Lista de Diferenciais

  • Malformação cloacal
  • Válvula de uretra anterior
  • Síndrome de Prune-Belly

Diagnóstico

  • Válvula de uretra posterior

Aprendizado

O caso é extremamente ilustrativo e demonstra a história clínica e achados de imagem típicos para o diagnóstico de válvula de uretra posterior.

Referências

Berrocal T, López-Pereira P, Arjonilla A, Gutierrez J. Anomalies of the Distal Ureter, Bladder, and Urethra in Children: Embryologic, Radiologic, and Pathologic Features. RadioGraphics 2002; 22:1139 –1164.
Levin TL, Han B, Little BP. Congenital anomalies of the male urethra. Pediatr Radiol. 2007 Sep; 37(9): 851–862.
Chatterjee SK, Banerjee S, Basak D, et al. Posterior urethral valves: the scenario in a developing center. Pediatr Surg Int 2001; 17:2–7
Cremin BJ. The “spinnaker sail” appearance of the posterior urethral valve in infants. J Can Assoc Radiol 1975: 26:188 –196.
McAlister WH. Demonstration of the dilated prostatic urethra in posterior urethral valves patients. J Ultrasound Med 1984; 3:189 –190

Imagens


Figura 1. Imagem ultrassonográfica do rim direito. Pelve (seta vermelha) e cálices renais (seta amarela) dilatados.


Figura 2. Imagem ultrassonográfica do rim direito. Afilamento do parênquima renal (seta vermelha).


Figura 3. Uretrocistografia miccional - Grande enchimento vesical. Bexiga com capacidade reduzida, contornos irregulares, paredes espessadas (seta vermelha). Dolicomegaureter à direita (seta amarela). Ausência de refluxo vesicoureteral à esquerda.


Figura 4. Uretrocistografia miccional - Fase miccional. Falha de enchimento no segmento uretral posterior (seta vermelha) associada à dilatação à montante e transição abrupta de calibre entre a uretra posterior (seta amarela) e o segmento anterior (seta verde), compatível com membrana. Bexiga com capacidade reduzida, contornos irregulares e paredes espessadas. Dolicomegaureter à direita.

Artigo recebido em segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Artigo aprovado em domingo, 28 de março de 2021

CCBY Todos os artigos científicos publicados em brad.org.br são licenciados sob uma licença Creative Commons.

All rights reserved 2022 / © 2024 Bradcases DESENVOLVIDO POR