Neurorradiologia

HEMATOMA SUBDURAL CRÔNICO COM PNEUMOENCÉFALO HIPERTENSIVO

ADONYS THIAGO LUIZ DA SILVA ¹, AMERICO MOTA ², José Aprígio dos Anjos Neto ³, Lucas Sued Calaça de Araújo ⁴

Resumo

Paciente com hematoma subdural crônico (HSDC) com intervenção cirúrgica e formação de pneumoencéfalo hipertensivo demonstrando alguns sinais radiológicos (Monte Fuji ou Millenium Falcon).

Dados do caso

Masculino 98 anos

Palavras chaves

Hematoma Subdural Crônico, Hipertensão Intracraniana

Histórico Clínico

Paciente idoso com relato de dois episódios de queda da própria altura. O primeiro há 15 dias e o segundo há 1 dia da admissão evoluindo desde então com rebaixamento do nível de consciência. Ao exame admissional: estado geral grave, torporoso, escala de coma de Glasgow indicando 7 pontos, pupilas isocóricas e fotorreagentes. Submetido a tomografia computadorizada (TC) de crânio, que evidenciou hematoma subdural crônico (HSDC) bilateral com desvio de linha média. Indicando tratamento cirúrgico de urgência. Paciente submetido a drenagem de HSDC, procedimento realizado sem intercorrências.

Achados Radiológicos

A TC de crânio evidenciou pneumoencéfalo extra-axial, determinando compressão extrínseca dos lobos frontais, sinal conhecido como Monte Fuji (Figura 1), com imagem semelhante a Millenium Falcon (da série cinematográfica “Star Wars”) - (Figura 1). Tal achado é sugestivo de pneumoencéfalo hipertensivo. Além disso, também observa-se o sinal da bolha de ar (air bubble sign) no parênquima encefálico, principalmente no lobo parietal direito - (Figura 2).

Discussão

O pneumoencéfalo é uma coleção de ar na cavidade intracraniana, que quando se apresenta volumoso, causando efeito de massa e um aumento na pressão intracraniana, é denominado pneumoencéfalo hipertensivo, configurando uma emergência neurocirúrgica [1]. Existem diversas causas relacionadas a sua etiologia, porém, as mais comuns são relacionadas a TCE e traumatismo facial. A intensidade e duração dos sintomas está relacionado ao volume de ar intracraniano, os mais comuns são cefaleia e alteração do nível de consciência, mas podem ocorrer náuseas, vômitos, disartria, delirium, agitação, entre outros. A tomografia computadorizada é o exame ideal para o diagnóstico, apresentando alguns sinais radiológicos bem característicos, como o do “Monte Fugi” e da “bolha de ar”. A descompressão cirúrgica de emergência é o tratamento definitivo, além de vigilância neurológica e medidas de suporte. Na ressonância magnética, o diagnóstico pode ser mais difícil, pois não há medição de densidade "objetiva". O gás aparecerá completamente preto em todas as seqüências, mas, dependendo da localização e morfologia, pode ser confundido com produtos sanguíneos ou vazios [2] .

Lista de Diferenciais

Pneumoencéfalo Infeccioso

Diagnóstico

Hematoma Subdural Crônico
Pneumoencéfalo hipertensivo pós-intervenção

Aprendizado

O achado do sinal da Millenium Falcon chama a possibilidade de pneumoencéfalo hipertensivo, devendo-se o caso ser discutido com a neurocirurgia para a realização de intervenção imediata.

Referências

1 - Reasoner DK, Todd MM, Scamman FL, Warner DS A incidência de pneumocefalia após craniotomia supra-tentorial: observações sobre o desaparecimento do ar intracraniano. Anesthesiology 1994; 80 (5): 1008-1012.
2 - Palma JA, Zubieta JL, Dominguez PD et al. Pneumocefalia mimetizando malformações cavernosas cerebrais na imagem de ressonância magnética ponderada. AJNR Am J. Neurorradiol. 2009; 30 (6): e83. doi: 10.3174 / ajnr.A1549

Imagens

Figura 1 - À esquerda, pneumoencéfalo pós-intervenção cirúrgica mostrando entre os diversos sinais (Monte Fuji), uma imagem semelhante a Millennium Falcon à direita.