• ISSN (On-line) 2965-1980

Artigo

Acesso livre Revisado por pares

0

Visualizações

Sistema Musculoesquelético

CISTERNA CHYLI: UM ACHADO INCIDENTAL NA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE COLUNA LOMBO-SACRA.

ASSIS, A. P. M. - Ana Paula Melo de Assis - R3 em Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital Leforte 1, CARRETE JUNIOR, Henrique - Henrique Carrete Junior - Chefe do Departamento de Diagnóstico por Imagem da Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. Médico Radiologista Hospital Leforte 2

Resumo

Paciente em investigação de dor lombar inespecífica realizou ressonância magnética de coluna lombo-sacra que mostrou uma formação tubular tortuosa retrocural, à direita da aorta e com alta intensidade de sinal nas sequências ponderadas em T2-SPIR. A localização, forma e o conteúdo fluido foram consistentes com uma dilatação focal da cisterna chyli que é uma estrutura anatômica normal no sistema linfático e recebe linfa da parede abdominal, vísceras não alimentares e membros inferiores.

Dados do caso

Feminino 23 anos

Palavras chaves

Ducto Torácico, Cisternas, Sistema Linfático

Histórico Clínico

JRN, feminino, 23 anos, em investigação de dor lombar inespecífica e refratária à medicação. Sem comorbidades. Realizou ressonância magnética (RM) de coluna lombo-sacra para melhor avaliação.

Achados Radiológicos

Na investigação inicial foi realizada ressonância magnética de coluna lombo-sacra, tendo sido identificado como achado incidental uma dilatação na origem do ducto torácico.

Discussão

A cisterna chyli, uma estrutura anatômica normal no sistema linfático, é caracterizada como uma área sacular de dilatação na origem do ducto torácico. Ela recebe os troncos linfáticos lombares direito e esquerdo e o tronco linfático intestinal. Está localizado no espaço retrocrural, mais comumente à direita e atrás da aorta abdominal com origem ao nível da borda inferior do corpo vertebral T12 ou das vértebras L1–L2 e se estende por 5–7 cm na direção caudocefálica.[1-2] A cisterna chyli é observada em aproximadamente metade dos estudos linfangiográficos e em 20% das autópsias. [3] Sua aparência varia entre a de um tubo grosso e o de um tubo fino, tubos paralelos ou convergentes, tubos tortuosos, uma coleção de fluidos em forma de salsicha, coleção focal ou plexo focal. Ocasionalmente exibe várias saculações semelhantes a uma configuração de colar de pérolas. As características de intensidade de sinal da cisterna chyli na RM são as mesmas para fluidos estáticos ou de movimento lento com alta intensidade de sinal nas sequências de RM sensíveis a fluidos. [4] A cisterna chyli pode simular condições patológicas como linfadenopatia retrocrural, tumor sólido com degeneração cística, abscesso ou hematoma. A linfadenopatia retrocrural é caracterizada com sinal de partes moles à RM e pode ser distinguida da cisterna chyli, que exibe o sinal de fluidos. Ocasionalmente, um tumor neurogênico com degeneração cística pode se apresentar como massa retrocrural. No entanto, a heterogeneidade interna devido à calcificação, hemorragia ou configuração de massa sugere uma neoplasia. Abscessos ou hematomas também podem ser detectados no espaço retrocrural. Abscessos retrocrurais se manifestam como coleções de fluidos com realce da parede e espondilite associada. O hematoma retrocrural pode ser diagnosticado por intensidade do sinal hemorrágico na imagem de RM e fratura associada da vértebra adjacente. [5]

Lista de Diferenciais

  • Linfadenopatia retrocrural
  • Tumor neurogênico com degeneração cística
  • Abscesso retrocrural
  • Hematoma retrocrural

Diagnóstico

  • Cisterna Chyli

Aprendizado

Embora a Cisterna Chyli seja uma condição anatômica relativamente rara, ela deve ser reconhecida e incluída no diagnóstico diferencial por imagem de uma área sacular retrocural. A RM é valiosa na confirmação da natureza dos ductos linfáticos no espaço retroperitoneal e ajuda a diferenciar essas estruturas normais de condições patológicas, como linfadenopatia e recorrência de tumores.

Referências

  • Gollub MJ, Castellino RA. The cisterna chyli: a potential mimic of retrocural lymphadenopathy on CT scans. Radiology 1996; 199: 477-480
  • Smith TR, Grigoropoulos J. The cisterna chyli: incidence and characteristics on CT. Clin Imaging 2002; 26 : 18–22
  • Pinto SP, Sirlin CB, Andrade-Barreto OA, Brown MA, Mindelzun RE, Mattrey RF. Cisterna chyli na ressonância magnética abdominal de rotina: uma estrutura anatômica normal no espaço retrocrural. Radiographics 2004; 24 : 809–17
  • Erden A. Cisterna chyli: na incidental finding on MR cholangiopancreatography. AJR Am J Roentgenol. 2004; 182 (1): 262.
  • Restrepo CS, Eraso A, Ocazionez D, Lemos J, Martinez S, Lemos DF. The diaphragmatic crura and retrocrural space: normal imaging appearance, variants, and pathologic conditions. Radiographics 2008;28:1289-1305

Imagens

Figura 1 - Ressonância magnética em corte axial com sequências ponderadas em T2-FSE mostrando aparência típica de uma cisterna chyli (ponta da seta), localizada à direita da aorta (asterisco), no espaço retrocrural.

Figura 2 - Ressonância magnética em corte coronal com sequências ponderadas em T2-SPIR mostrando a cisterna chyli (ponta da seta), uma formação tubular tortuosa retrocural com alta intensidade de sinal.

Figura 3 - Ressonância magnética em corte coronal com sequências ponderadas em T2-SPIR mostrando a confluência dos troncos linfáticos esquerdo e direito (ponta de setas) convergindo para formar a cisterna chyli ( seta branca) como um plexo focal que continua para cima como o ducto torácico (seta preta).

Vídeos

Artigo recebido em quinta-feira, 23 de abril de 2020

Artigo aprovado em segunda-feira, 27 de abril de 2020

CCBY Todos os artigos científicos publicados em brad.org.br são licenciados sob uma licença Creative Commons.

All rights reserved 2022 / © 2024 Bradcases DESENVOLVIDO POR