ASSIS, A. P. M. - Ana Paula Melo de Assis - R3 em Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital Leforte 1, CARRETE JUNIOR, Henrique - Henrique Carrete Junior - Chefe do Departamento de Diagnóstico por Imagem da Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. Médico Radiologista Hospital Leforte 2
DOI: 10.5935/2965-1980.2022v1n2a25
Resumo
Paciente em investigação de dor lombar inespecífica realizou ressonância magnética de coluna lombo-sacra que mostrou uma formação tubular tortuosa retrocural, à direita da aorta e com alta intensidade de sinal nas sequências ponderadas em T2-SPIR. A localização, forma e o conteúdo fluido foram consistentes com uma dilatação focal da cisterna chyli que é uma estrutura anatômica normal no sistema linfático e recebe linfa da parede abdominal, vísceras não alimentares e membros inferiores.Dados do caso
Feminino 23 anos
Palavras chaves
Ducto Torácico, Cisternas, Sistema Linfático
Histórico Clínico
JRN, feminino, 23 anos, em investigação de dor lombar inespecífica e refratária à medicação. Sem comorbidades. Realizou ressonância magnética (RM) de coluna lombo-sacra para melhor avaliação.
Achados Radiológicos
Na investigação inicial foi realizada ressonância magnética de coluna lombo-sacra, tendo sido identificado como achado incidental uma dilatação na origem do ducto torácico.
Discussão
A cisterna chyli, uma estrutura anatômica normal no sistema linfático, é caracterizada como uma área sacular de dilatação na origem do ducto torácico. Ela recebe os troncos linfáticos lombares direito e esquerdo e o tronco linfático intestinal. Está localizado no espaço retrocrural, mais comumente à direita e atrás da aorta abdominal com origem ao nível da borda inferior do corpo vertebral T12 ou das vértebras L1–L2 e se estende por 5–7 cm na direção caudocefálica.[1-2] A cisterna chyli é observada em aproximadamente metade dos estudos linfangiográficos e em 20% das autópsias. [3] Sua aparência varia entre a de um tubo grosso e o de um tubo fino, tubos paralelos ou convergentes, tubos tortuosos, uma coleção de fluidos em forma de salsicha, coleção focal ou plexo focal. Ocasionalmente exibe várias saculações semelhantes a uma configuração de colar de pérolas. As características de intensidade de sinal da cisterna chyli na RM são as mesmas para fluidos estáticos ou de movimento lento com alta intensidade de sinal nas sequências de RM sensíveis a fluidos. [4] A cisterna chyli pode simular condições patológicas como linfadenopatia retrocrural, tumor sólido com degeneração cística, abscesso ou hematoma. A linfadenopatia retrocrural é caracterizada com sinal de partes moles à RM e pode ser distinguida da cisterna chyli, que exibe o sinal de fluidos. Ocasionalmente, um tumor neurogênico com degeneração cística pode se apresentar como massa retrocrural. No entanto, a heterogeneidade interna devido à calcificação, hemorragia ou configuração de massa sugere uma neoplasia. Abscessos ou hematomas também podem ser detectados no espaço retrocrural. Abscessos retrocrurais se manifestam como coleções de fluidos com realce da parede e espondilite associada. O hematoma retrocrural pode ser diagnosticado por intensidade do sinal hemorrágico na imagem de RM e fratura associada da vértebra adjacente. [5]
Lista de Diferenciais
Diagnóstico
Aprendizado
Embora a Cisterna Chyli seja uma condição anatômica relativamente rara, ela deve ser reconhecida e incluída no diagnóstico diferencial por imagem de uma área sacular retrocural. A RM é valiosa na confirmação da natureza dos ductos linfáticos no espaço retroperitoneal e ajuda a diferenciar essas estruturas normais de condições patológicas, como linfadenopatia e recorrência de tumores.
Referências
Imagens
Figura 1 - Ressonância magnética em corte axial com sequências ponderadas em T2-FSE mostrando aparência típica de uma cisterna chyli (ponta da seta), localizada à direita da aorta (asterisco), no espaço retrocrural.
Figura 2 - Ressonância magnética em corte coronal com sequências ponderadas em T2-SPIR mostrando a cisterna chyli (ponta da seta), uma formação tubular tortuosa retrocural com alta intensidade de sinal.
Figura 3 - Ressonância magnética em corte coronal com sequências ponderadas em T2-SPIR mostrando a confluência dos troncos linfáticos esquerdo e direito (ponta de setas) convergindo para formar a cisterna chyli ( seta branca) como um plexo focal que continua para cima como o ducto torácico (seta preta).
Vídeos
Artigo recebido em quinta-feira, 23 de abril de 2020
Artigo aprovado em segunda-feira, 27 de abril de 2020